terça-feira, 1 de março de 2011

Quando eu morrer, o mundo pode se acabar!


Fui assistir o espetáculo Ópera dos Vivos da Cia do Latão. Tenho consciência que o teatro não é minha linguagem artística, aquela que toca fundo o coração. No entanto, é preciso dizer que se há um trabalho teatral que faz a diferença pra mim, é o da Cia do Latão. Os caras são muito bons. Tudo o que a Cia faz é com base em processos de pesquisas profundas, dá pra sentir o envolvimento dos atores no processo.
A apropriação dos personagens pelos atores atribui uma incrível realidade ao texto, quase cinema! Parece haver uma verdade ali, descarada, gritada na cara do público.
No caso desse espetáculo de 3 atos eu realmente me senti tocada, extremamente emocionada em precisamente 4 momentos...que considerei extremamente profundos e que estão intimamente ligados à proposta do espetáculo.
Ou seja, o primeiro ato que discute a questão das Ligas Camponesas que pra mim poderia ser denominado de Emoção, Muita! A questão da injustiça, da desigualdade e do sofrimento humano diante das impossibilidades ou da falta de perspectivas.
A ditadura – Indignação total é outro desses momentos cuja verossimilhança com tudo que houve nesse país a partir dos anos 60 só faz rememorar os horrores de um governo corrupto e irresponsável.
Depois foi só Alegria, Alegria, festa, criatividade e descoberta. E por último a Sociedade do Espetáculo - Tristeza e Desesperança... Apocalipse e final dos tempos em se tratando de teatro.
E foi assim que vivi o espetáculo. Profundamente, porém sem muitas esperanças na vida real, mas de algum modo, o espetáculo reafirmou pra mim a importância da arte. O trabalho do artista que dá o sangue numa produção como essa e que por isso recria a esperança, nos faz mais felizes, nos aponta alguns caminhos, ajuda a construir a crítica possível a esse mundo maluco.
E assim, voltei pra casa mais tranqüila, reflexiva, pensando sobre a importância do teatro como linguagem, minha vida.... as histórias.... E qual é mesmo a função da arte? Melhorar os dia, aliviar as dores, recriar os sonhos, humanizar os homens, tornar o mundo mais bonito!


Um comentário:

  1. Lucy, esse espetáculo de fato é emocionante e instigante, fazedor de reflexões sobre a arte e a vida (se elas não forem a mesma coisa). O teatro também não é das linguagens que mais acompanho, mas tenho visto algumas coisas e a discussão "o que arte? para que arte?" tem aparecido em cias. diferentes e de formas diferentes. Um das coisas que mais gostei dessa "ópera" é que ela é de vivos, e no final da cena a gente sai cheia de vida, de alegria, de vontade. Um beijo

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