domingo, 26 de junho de 2011

Paris Encantada

 
Dessa vez, Wood Allen nos presenteou com um verdadeiro sonho. Meia Noite em Paris, começa muito lentamente, com imagens esplendorosas da famosa , linda, doce e eterna cidade luz do nosso imaginário.
É realmente de encher os olhos, a experiência cinematográfica, inquestionável do cineasta se derrubando em luz diante de nós.O filme é de uma beleza delicada, o personagem central é sobretudo um sonhador, um roteirista de filmes, segundo ele, muito medíocres e com uma incrível aspiração de tornar-se escritor de romances, um escritor de verdade.
A história que quer nos contar diz respeito à certa nostalgia de algo que não viveu... Ou seja, o desejo de viver num tempo que já passou, com pessoas que deixaram uma marca significativa para as gerações que se sucederam... Nostalgia pura....


É assim que vive o personagem Gil, tentando encontrar algo que se quebrou, que se perdeu e que ele gostaria de recuperar, sem saber direito o que é.
Decide então circular pela Paris de 1920, enfrentar a noite misteriosa, respirar o ar da cidade que tanto admira e na qual gostaria de viver para sempre.
E assim, vamos com ele, encantados, caminhar perdidos pelas calçadas, parques, bares, lojas e restaurantes. Vamos nos entregando ao sonho e à paixão de compartilhar com nosso querido personagem aquela impressão de deslocamento no tempo, um sentimento de ternura, uma alegria íntima ao se deixar levar e caminhar em busca da alegria do encontro com os velhos mestres, amigos, responsáveis por tantas inspirações.
Wood Allen nos leva ao extremo da imaginação, reafirma em suas imagens o sonho que o cinema tem representado para inúmeras gerações, sonhar exige entrega, exige coragem.
Gil nos mostra, ao retornar da sua fantástica aventura, que ao fim e ao cabo, estaremos sempre em falta, e nada do que fizermos nos levará à plenitude. Ele nos lembra que estamos sempre em busca daquilo que não temos, do impossível e que portanto, bom mesmo, é tentar ser feliz.

Deixar as coisas boas acontecerem, ter projetos, acreditar no futuro, pois o passado só poderá ter um pequeno lugar na nossa memória e coração, não mais do que isso...
O passado pode ser a fonte, mas não poderá nos realizar mais do que os sonhos que pudermos sentir e viver aqui e agora nesse novo tempo que é nosso.
Nesse sentido, a chuva que molha a cidade e que Gil gostaria tanto de desfrutar, parece funcionar como a metáfora, de uma ‘alma lavada’ que já pode ser livre...

Meia Noite em Paris. 2010.Wood Allen. 122min.