quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Biutiful


Confesso que fico sempre receosa mediante um filme do diretor Iñarritu principalmente quando lembro de Amores Brutos, 21 Gramas e Babel, costuma ser sempre muito difícil, duro e cruel.
Por outro lado, talvez seja um pouco mazoquista e contraditório de minha parte, mas não posso deixar de assistir seus filmes, talvez porquê algo neles me agarre forte e me diga pra não esquecer jamais que o mundo tem dessas coisas, tão complicadas, miseráveis, inumanas e devastadoras.
Então, lá fui eu ‘enfrentar’ o tão comentado Biutiful com Javier Barden (como Uxbal) confirmando que é realmente um excelente ator. Um trabalho emocionante de ver, trata-se de uma apropriação profunda do personagem, sem no entanto se deixar misturar com ele, um grande mérito e qualidade fundamental que marcam as melhores atuações na cinematografia mundial.
Biutiful traz à tona o envolvimento de Uxbal com negociações ilícitas que envolvem imigrantes chineses e africanos vivendo na Espanha e trabalhando  ilegalmente na construção civil e como camelôs de produtos importados nas ruas de uma Barcelona ‘lado B’ completamente distante da que Wood Allen revelou em Vick, Cristina,
Entre idas e vindas, Uxbal revela-se um ótimo pai na relação com seus dois filhos, mas ao mesmo tempo um homem extremamente atormentado, cheio de culpas. Sua mulher que é bipolar, não consegue assumir os filhos, ele está com câncer e sofrer bastante,  preocupado com o futuro dos pequenos e guarda o dinheiro que ganha estabelecendo contato e auxiliando  mortos recentes a ‘se desprenderem’ da vida terrena e passar dessa pra melhor.
Esse aspecto, pareceu desnecessário, pois afinal não acrescentou nenhum dado importante ao filme, pois o personagem já é forte e dramático o suficiente para sustentar a trama repleta de elementos bastante complexos. Ao meu ver, a culpa do personagem que se avoluma no decorrer da história é o motor de toda angústia de Uxbal, que sofre sem no entanto aderir à idéia de que a morte poderia ser sua redenção. Ao contrário, ele não quer morrer...Nem herói, nem bandido, temos aqui um homem extremamente solitário em profunda crise existencial!
Biutiful fala da desesperança e da descrença no ser humano, é um filme escuro, triste, de cores saturadas, enquadramentos trêmulos e uma linda trilha sonora. Saí melancólica do cinema, mas com a certeza que mais uma vez valeu a pena ver um filme de Iñarritu.

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