segunda-feira, 1 de abril de 2013

A dança e o rito de passagem


 
Rania, rainha. Uma menina vivendo numa periferia da cidade grande, perto do mar, um pai pescador, uma família com problemas bastante comuns a grande parte da população.
Pais separados, , irmãos envolvidos em dificuldades e confusões.

Mas, o eixo de toda a história é a enorme vontade de sair, fugir, voar para outras paragens e novas realidades, outras perspectivas e aprendizados, ampliar os horizontes...
Ao mesmo tempo, Rania tem plena consciência de que é a única responsável por si mesma, por sua alegria e, sobretudo por suas escolhas.

Nesse sentido, é extremamente madura, determinada, ao mesmo tempo em que permanece sensível e generosa em relação á sua família.
Mas o que chama a atenção no filme é o quanto a personagem Raina consegue manter o foco, sua delicadeza em afirmar a escolha pela dança como um caminho de superação.

A dança é de fato o fio condutor da sua vida, o que alimenta e anima a existência, seu corpo e sua alma..
São belíssimas as cenas em que ela dança, graciosamente mas com a força da sua inspiração, quase como metáfora, um corpo que se movimenta na direção do desejo, no ímpeto de marcar seu lugar no mundo.

O filme é isso, a história de uma garota e sua paixão pela dança na busca por construir um universo diferente onde seja possível ser feliz.
Trata-se de um momento especial, a saída de uma experiência de dependência extrema, para assumir seus riscos, ousar e cair na vida por sua própria conta.

O final da história fica em aberto, mas eu prefiro crer que Rania tornou-se sim a dona do seu caminho, soube se impor, soube exercer ainda mais a liberdade das escolhas, embora com dor, como sempre são os ritos de passagem.

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