terça-feira, 17 de julho de 2012

Curtir ou não curtir, eis a questão!



Sim, devo dizer, eu ‘estou’ no facebook e esse texto começou a acontecer quando depois de responder atenta e longamente ao questionamento de um amigo na rede, recebi como retorno  um ‘curti’.

Fiquei pensando: ‘Como assim? E daí? Curtiu o quê? Não entendi... Seria talvez o meu envolvimento e esforço em tentar responder da melhor forma, problematizando, ponderando, relevando.... pensei que a conversa continuaria, mas que nada, passou, tudo muito efêmero...

Não sei, achei estranho e fiquei pensando nas redes sociais.

Pensei na sensação agradável, inevitável de fazer parte de um grupo de pessoas antenadas, inteiradas, bem informadas (ainda que essa informação muitas vezes seja pueril e rápida demais), em como somos poderosos quando temos acessos garantidos e isso por si só parece ser suficiente pra preencher nossa vida e eliminar qualquer questão existencial que por ventura possa existir. Eu só sei que tenho muitas, inúmeras...

Engraçado, mas fiquei pensando que realmente nos sentimos menos sozinhos quando estamos conectados, afinal temos centenas de amigos, certo?

Mas é claro que não há novidade nessa reflexão, muitos já falaram sobre isso, continuam falando e nós continuamos navegando, nos ‘encontrando’ no mundo virtual, sempre e cada vez mais. Caminho sem volta!.

Fiquei pensando se as redes permitem de fato o reconhecimento das diferenças ou se apenas as anulam, na verdade, é importante entender a diferença e não negá-las, aprender a conviver na diversidade e temo que estejamos cada vez nos distanciando mais do outro.

Daquele outro que nos olha nos olhos, com o qual nos deparamos nas adversidades e compartilhamos as rabugices, aquele que coloca seu corpo na relação, sua energia, sua palavra... com quem tomamos uma cerveja, para quem enviamos um postal, discutimos um livro, um filme, sinto falta dessas coisas...

Eu estava dentro de um ônibus, chovia lá fora, muito... abri a janela, me senti livre, com o vento frio batendo no rosto e os pés encharcados de chuva. Não sei porquê, mas pensei que nada poderia superar o prazer de ver o asfalto molhado refletindo as luzes coloridas... Engraçado.

Fui a livraria comprar um livro e pensei que poderia ter feito isso via internet, mas que nada! O vendedor, jovem, atencioso revirando todas as prateleiras, desafiado que estava a encontrar o livro raro, cujo exemplar era o último em todas as lojas. Nada poderia pagar a satisfação, a atenção e a simplicidade desse encontro.

Enfim, esperei bastante, torci para que o livro fosse encontrado, perdi a sessão de cinema, folheei alguns livros, o vendedor se desculpou pela demora, pediu meu telefone para avisar quando encontrasse  aquela raridade.... um fofo!

Achei bacana ter caminhado na chuva até a livraria e ter ‘conhecido’ o jovem vendedor de livros... poderia ter sido diferente, poderia ter sido virtual, mas foi assim.

Continuava a chover, muito, torrencialmente, entrei num café, comi um bolo divino e continuei caminhando na chuva, em direção ao metrô, agora para casa.

Fiquei pensando nas ‘centenas de amigos’ que tenho no face... Achei estranho, pensei onde estariam naquele momento....

Estava muito frio na avenida paulista, continuei o trajeto através da chuva, mas posso dizer com convicção que afinal, curti!

Um comentário:

  1. As redes de relacionamento tem me proporcionado grandes e verdadeiros encontros. Como na vida, topamos com centenas, milhares de pessoas, mas sao eh com poucas que vivemos um "curtir" compartilhado.Minha carencia e ansiedade sempre me levaram a cobrar atencoes e amizades, mas aprendi com o tempo que isso vem em gotas (preciosas).Acho que essa experiencia ajudou na minha relacao hoje com essa enorme rede de amigos virtuais. Sem expectativa ou cobranca, aproveito cada encontro "real" que ela me possibitita. Mas concordo com voce, a rede nao substitui o olho no olho, o sorriso e a gentileza do "menino" da livraria.

    ResponderExcluir