Participamos de uma festa singela. Emoção, beleza, religiosidade! Foi aniversário de 90 anos da Dona Olívia. Esposa do Seo Bento, mãe de Vilma, Valdir, Neuza, Lia, Sérgio, Tonho, Leni e minha melhor amiga, tão querida, Lidia.
Fiquei pensando na história de cada um de nós, pensei na minha própria história. Como a vida é fugaz, como é dura a velhice. Mas mesmo assim, tentei imaginar a história da Dona Olívia até ali.
Muito trabalho doméstico, muito afeto, a árdua criação dos filhos que ela adora, e por fim a sedução de todos que de algum modo, compartilharam seu afetuoso cotidiano.
Como será que uma pessoa se sente ao completar 90 anos? Dona Olívia adora festa, ela é a estrela, ela canta, dança e toca gaita. Minha mãe (71 anos), ao que parece, se sentiu uma garota e segura pegou no braço da Dona Olívia pra conduzi-la... Olha só!
Bonito de ver! Pensei: será que chegaremos lá? talvez não, nossa qualidade de vida é tão frágil! Valorizamos coisas tão fugazes... Dona Olívia até hoje quer cuidar das suas galinhas, quase poesia do Rosa. Outro jeito de viver, acreditar que a alegria está nas pequenas coisas e que o sentido da vida está na simplicidade. Ela não pode parar, quer regar as plantas, lavar o quintal, fazer o almoço e o cafezinho pra depois.
Coragem, determinação e vontade de viver. Me fez lembrar da avó camponesa de Saramago que disse: “ A vida é tão bonita, me dá uma pena morrer...”
Que feliz eu estava por compartilhar esse momento, seria muito triste não estar lá e perder a chance de me emocionar e aprender com a fé da Dona Olívia, seus filhos e o altivo Sr Bento.
Além disso, teve também o imprescindível profano, em pleno acordo com a sagrada existência da família querida. Música, alegria, violão, os netos, os amigos, a cerveja, os bolos com rosa lilás, sim, os bolos, porque afinal, também comemoramos os 91 anos do velho Bento que não se furtou a beijar sua amada esposa.
Fiquei imaginando que a vida não é um rascunho que agente passa a limpo depois. A vida é uma só, é aqui e agora! Pra que complicar? Porquê não aprender com o casal Bento a importância das coisas simples, do almoço em família, da fé, e da beleza do cotidiano, lembrei da história do carroceiro que vende fiado milhares de bananas para Dona Olívia, que não aceita comprar frutas de mais ninguém, quase levando à falência todos os filhos.
Todo o mundo quer almoçar, cantar e dançar na casa da Dona Olívia, coração de mãe mesmo! Sempre cabe mais um, mais um e mais mil. Então, desejo vida longa ao casal! Afinal, ainda temos muito pra aprender e melhorar...
Lembrei do poema de Maiakovski musicado por Caetano Veloso e deixo aqui essa homenagem à mãe Olívia e ao pai Antonio Bento.
Para que a partir de hoje
A família se transforme
E o pai
Seja pelo menos o universo
E a mãe
Seja no mínimo a terra...
Adoro essa sintonia que nao se explica ,mas se sente !
ResponderExcluirAcabei de ler seu texto ,logo depois que ganhei da Vivi o livro:" O coracao nao envelhece" .
Envelhecer amedronta-nos. A nossa sociedade dá-nos uma imagem desastrosa da velhice. No entanto, este envelhecimento inevitável pode não nos condenar à solidão, ao sofrimento, à perda ou mesmo à dependência. Se é verdade que todos envelhecemos, também é verdade que podemos decidir não nos tornarmos «velhos». Esta é a mensagem que Marie de Hennezel nos transmite, e ensina, neste livro.
E como poderemos envelhecer sem ser velho? Graças ao coração, ou seja, à nossa capacidade de amar e desejar. É o coração que nos pode ajudar a superar os nossos medos e apoiar-nos no seio das piores agruras da velhice.
Marie de Hennezel orienta-nos no sentido de uma verdadeira «arte de envelhecer». Baseada em vários testemunhos recolhidos não só da sua experiência clínica mas também com a sua grande amiga - a Irmã Emmanuelle - ela revela-nos o quão profundo e intenso pode ser este momento da nossa vida, como podemos conviver com os desgostos e desfrutar as alegrias que a velhice nos traz.
Muito lindo o que você escreveu Luci,
ResponderExcluirtenho o maior orgulho dessa familia principalmente desses avós lindos que tenho.
Casa da vó nunca faltou : alegria,festas,comilança,muita gente e a fé.
Temos o prazer de compartilhar esses momentos com nossos melhores amigos,e é bom saber que você faz parte desses melhores momentos e esteve presente.
Obrigada :D
Beijos Lívia Bento Torres!
Aprendi a enxergar na Dona Olivia a mãe que não tive. No seu Antonio conheci um pai que me aconselhava sem exigir nada em troca. Com os dois aprendi a ser mais dócil, a ter um coração mais aberto para o perdão, aprendi a perdoar. Não tenho palavras para descrever essas duas pessoas que transformaram a minha vida,não a vida exterior de coisas materiais, mas me ensinaram a enxergar dentro de mim coisas que estavam lá escondidas bem num cantinho. O que dizer deles.... O que desejar a eles senão que eles vivam muito. Muito é muito pouco.
ResponderExcluirBete Velasco